10.2.08

Ainda é tempo

Estava de olhos fechados e levemente aquele que molda os sonhos se aproximou. As forças se esvaíram com o sono e ele, persuasivo, estendeu-me a mão. Imagens lentamente se formaram na mente, vindas da egrégora formada pela inconsciente coletivo.

Quem és tú? — foi a primeira pergunta.

Caia em meus braços... — era uma resposta incerta.

Morfeu! — foi a dedução.

E vagarosamente, imerso em tinturas mil, paisagens revelavam-se, misturavam-se, delineavam-se, ocorrendo... Tudo se encontrava no presente, no hoje, porém a certeza do futuro era latente, pulsante, mais presente que o próprio acontecer.

Aquele que havia me envolvido se fundiu as sombras esparsas da casa e desaparecendo em ébano, sussurou: 'Mantém teus olhos fechados, porém abre a tua mente. Não temas jamais'. Aparentemente a minha casa continuava mantendo as formas, tendo as paredes, mesmo que desgastadas e descoloridas, todas no mesmo lugar.

Aquele telhado, com frestas pequeninas onde perpassavam raios de luz, amarelo-ouro, mantinha-se no mesmo lugar, porém invadia-me a certeza de que mais tarde permitiriam, quiçá, lâminas de fumaça e pó.

E gotas, que agora se pareciam de orvalho perfumado nas janelas dos quartos, mais tarde e num futuro não muito longínquo, poderiam ser pedras congeladas, traiçoeiras, punitivas...

Ao redor da casa, vultos atravessavam sorrateiramente, cortando a claridade com pés gigante e barulhentos, embaixo das portas. O receio do futuro, que ainda se mantinha presente, crescia assustador. Não havia mais reconhecimento do ambiente que se apresentava hostil. Que houve com o meu lar? Me descuidei tanto assim ao ponto de nem mais poder chamá-lo de meu?

Uma brisa adentrou repentina se fazendo vento, ventania, furacão... Portas arrancadas, janelas lançadas, vidros estilhaçados e as paredes, cederam humilhadas, à erosão. A claridade que se fazia presente, vista pelas frestas e gretas, naquele turbilhão, desapareceu. E desnudo, sofrendo a com a maldade do frio, sem teto e sem luz, num monte isolado fiquei.

Aos gritos, entretanto afônico, auxilio solicitei, por segundos que se tornaram minutos, horas, dias... e desesperansoço me encontrava quando então, da penumbra cegante, Ela surgiu. Raios de Luz cortaram a escuridão, que gemia dilacerada; nuvens surgiam cintilantes em diversas partes e o perfume inebriante de alegria que brotavam das flores espalhadas no ar, surgia.

A voz sublime e inominável, cantou: 'Não chores, homem! Abre teu largo sorriso e agradece a benção presente. Eis aqui o teu destino... Se não enxergas, fecha teus olhos e abre tua mente, pois sou Aquela que tudo dá, que tudo alimenta, que tudo permite e para que assim continue, entrego minha Vida em tua mãos.'

Quem és tu? — foi a segunda questão.

Sou tua Mãe. Sou o elemento latente e primordial de uma potencialidade geradora absurda que cria e fecunda, em meu seio, o que te mantém funcionate para aproveitar as experiências que a carne proporciona. Eu sou Gaia. — resposta direta.

Que queres de mim, oh Mãe?! — pergunta chorosa e receosa.

Nada além de pedir que seja meu filho. Cumpra com a promessa que fez, ao sair de meu ventre, de me amar e respeitar. Assuma a compromisso de cuidar do que é meu e do que sou eu e assim, usufruirá do paraíso, sempre. — respondeu amorosa e acolhedora.

Mas Mãe, sou um de muitos. Como cuidarei de ti, se há tantos que desprezam? Como te amarei plenamente, se no teu leito há aqueles que te exploram? Como respeitar, se posso ser punido ao ir de encontro dos interesses da maioria?

A resposta, meu filho amado, pode ser extraída do coração do teu mais puro irmão: 'Faça tua parte, que te ajudarei'. Agora, assim como foi feito no passado, entregaremos em tuas mãos as leis que deverão ser obedecidas para a manutenção da paz e da fartura sobre mim, a Terra. Elas totalizam 10 mandamentos que deverão ser ensinadas aos homens do presente e às gerações futuras na esperança de que sempre haja vida e esplendor no reinado dos homens.

Das nuvens resplandecentes, duas mãos delicadas surgiram, trazendo um pequeno livro. Estendendo-o em direção ao meu peito, a senhora Gaia cantou: 'Mostra aos meus filhos e eu os prometo que as minhas feridas cicatrizarão, não havendo mais fúria traduzida em adversidades... e sobre a Terra, em mim, só haverá amor'. E com as mãos se recolhendo, a Luz que envolvia se fez escuridão e a escuridão se fez homem e o homem falou:

'Agora acorda e abre os olhos. A Senhora do Mundo ordenou e tu tens que obedecer... Dos sonhos te trouxe e o que mais importante nele foi anunciado, no teu mundo será materializado. Viva conforme os mandamentos e como foi dito: 'Faça a tua [máxima] parte e eu [nós] te ajudarei [remos].'

E já neste mundo, de olhos abertos, o pequeno livro no meu peito se encontrava enlaçado. Ao abrir, lições aqui reproduzidas, se tornaram imperativas para a garantia da nossa viagem nesta nave-Mãe.











Que todos nós, em qualquer lugar e qualquer situação, ouçamos o que nos diz a Terra.
Unidos, tudo podemos!

13.12.07

Salve, salve...




"Jorge sentou praça na cavalaria e eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia..."


Grato, por muito na vida sou, especialmente pelas dádivas direcionadas a esta alma que tenta caminhar com passos firmes em busca de um viver melhor e maior. Dentre estas graças, uma delas sentou-se ao meu lado em determinada estação do trem de Vida e ali, com dedilhar humano e fala amistosa, tornou guardiã de um dos maiores tesouros que um homem pode ter.


Por conta disso, com a armadura da Coragem me adornei e tal forte me senti, como se estivesse vestido com as roupas e as armas de São Jorge e assim, meus inimigos tendo maõs não me tocavam e tendo pés não me alcançavam.


Com o manto da Sinceridade fui coberto e os meus inimigos com olhos não me viam e nem mesmo em pensamento nada podiam para fazer mal.


Armas de fogo, facas e espadas se quebraram sem o meu corpo tocar; cordas e correntes se arrebentaram sem o meu corpo amarrar pois estava vestido com as roupas e as armas de Jorge, que é santo, puro, doce perante a Vida, porém é duro, estrondoso, punidor diante das injúrias do mundo.


Jorge, Salve Jorge, que hoje e para sempre se fez e fará São Marcos e que no meu coração, tal como rei, me abençoou com a dádiva de Amar: o mundo que gira, a roda que segue, a trilha que leva, a vida que continua, o coração que desde o Eterno pulsa... quieto, persitente, firme e protegido.


Obrigado por estar ao meu lado neste trem que com certeza leva a algum lugar. Quem sabe, à Felicidade?


Ogunhê!!!!!!!!!!!